Cumpre aqui referir esta sua atividade, não só pela homenagem que nos merece, mas sobretudo porque a sua intervenção nestes domínios da Cultura e da Educação Permanente é pouco conhecida publicamente, não indo muito para além daqueles que com ele tiveram a sorte de colaborar, de aprender.
E são esses que queremos aqui chamar a depor durante este mês que antecede o aniversário dos seus 70 anos - a 16 de maio - que queremos, deste modo, festejar. Zé Mariano – como lhe chamávamos – considerava que o mais importante daqueles que nos deixavam, era recolher-lhes a memória, continuando a desenvolver os seus feitos, tornando as suas obras perenes e mais “valerosas”. Temos alguns textos seus que procuraremos difundir, mas queremos sobretudo que as pessoas falem, os que o conheceram e os que não tiveram essa sorte, porque decerto ele consideraria importante fazer emergir aquilo que sabemos, as ideias e as práticas que se foram produzindo ao longo destes pouco mais de 40 anos dentro da sua perspetiva de Cultura e de Educação Permanente.
Vamos organizar no nosso site um espaço próprio para se colocarem referências, ditos, imagens, vídeos, tudo o que tivermos que possa dar visibilidade a saberes e práticas de quem partilhe a convicção, que é nossa e que era do Zé Mariano, de que a educação e a cultura devem abranger todas as pessoas e a pessoa no seu todo, em todos os tempos e espaços da vida. Assim, na próxima semana, falaremos de aspetos culturais da sua vida, das culturas ditas eruditas e das populares (etnográficas). O seu sentido de educação permanente passa pelo reconhecimento piagetiano da forma de aprender através de realizações, a partir do tateamento experimental. É assim no seu quotidiano, com os amigos, é este o fundamento do programa político Ciência Viva, é esta a perspetiva que transporta para as aprendizagens dos adultos e que considera que deveria ser alargada às crianças. Numa terceira semana, iremos ocupar-nos com a sua atividade de educação de adultos nos contextos migratórios, para numa quarta semana divulgarmos o seu trabalho com a UNESCO.
É de frisar que, de volta a Portugal, o Zé Mariano trabalha com a Direção Geral de Educação Permanente e, seguidamente, com a Direção Geral de Educação de Adultos, onde participa na preparação do PNAEBA (Plano Nacional de Alfabetização e Educação de Base de Adultos) ao mesmo tempo que colabora com grupos e atores da Animação Sociocultural.
Decerto o mês de maio não vai chegar para abrir novos dossiers da sua atividade. Iremos então prolongar a abertura deste espaço para quem quiser dar a sua colaboração, mesmo que sem ser enquadrada nestes temas precisos.
Há pessoas, como o José Mariano Gago, a quem não podemos dizer Paz à sua alma porque sabemos que o seu desejo seria o de inquietar, sempre. Por isso, vamos inquietar-nos dentro da APCEP e tentar inquietar os demais para sairmos do quotidiano formal da educação, para (re)aprendermos a reconhecer e a difundir ideias e atividades que todos os dias são portadoras de conhecimento, de saber, de solidariedade, de cidadania.
APCEP, 17 de abril de 2018